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BERAKAH


DEFINIÇÃO:
É a oração por excelência da liturgia e da espiritualidade judaica. Traduzida também como BENÇÃO.
Consiste em uma atitude que é ao mesmo tempo, fórmula de: ADMIRAÇÃO – LOUVOR- AGRADECIMENTO e RECONHECIMENTO DA BENEVOLÊNCIA GRATUITA DE DEUS, que cuida de seus filhos, e os alegra com os frutos da terra, e com toda sorte de bens.
1 - A BERAKAH define a TRÍPLICE RELAÇÃO com: DEUS, com o mundo e com seus semelhantes.
A berakah, não somente impede que se separe DEUS do homem e do mundo, nem o homem de DEUS e do mundo, nem o mundo de DEUS e do homem, mas, mantém unido e inseparável os três pólos:
                                 DEUS       -      O HOMEM        -      E O MUNDO.
2-Em relação ao homem e ao mundo, DEUS é a fonte e a norma. Cria o homem e o mundo, e estabelece sua modalidade de usufruto e de multiplicação GN. 1:28.
3-Em relação a DEUS e ao mundo, o homem é o intérprete e beneficiário, isto é: é o objeto da atenção Divina e destinatário dos bens da terra.
4-Em relação a DEUS e ao homem, o mundo é DOM, isto é: sinal da benevolência Divina e DOM concreto para o homem.
NOTA: com a oração da berakah, o israelita reconhece estes três pólos, e a qualidade de suas relações, as quais interagem entre si.
SUA EXPRESSÃO: “Sê bendito SENHOR nosso DEUS e ou: Eu te bendigo, SENHOR nosso DEUS “
Esta expressão se inicia e termina-se uma oração, pronunciando a “FÓRMULA”: Sê bendito SENHOR pelos frutos da terra....”, reconhece-se a DEUS como “origem e proprietário das coisas “ , o mundo como  DOM  que deve ser compartilhado, os homens como irmãos com os quais participa do único banquete da vida.
                Assim sendo a berakah, capta a verdadeira finalidade do mundo, e se põem como condição para a realização do REINO.
EXEMPLOS: Mt.11;25-27= “Eu te louvo ó PAI, SENHOR do céu”, aqui JESUS dá graças ao PAI por ter escolhido os pequeninos como destinatários da sua revelação.
Segundo exemplo: Mc. 14:22-24. JESUS na ceia de páscoa existe aqui duas berakah implícita, uma sobre o pão e a outra sobre o vinho, ou sobre o cálice.
Terceiro exemplo: JESUS na multiplicação dos pães.
Quarto exemplo: CL. 3:17 – “tudo o que fizerdes de palavras ou ações, tudo fazei em nome do SENHOR JESUS, por ele dando graças ao PAI”também em EF.5:18-20.  De acordo com a tradição rabínica, o israelita piedoso devia recitar mais de 100 berakot por dia.
                Nós crentes em YESHUA, devemos fazê-la “em nome do SENHOR JESUS, ou, através dEle , com a mesma intenção e a mesma densidade  de JESUS.  Outros ex. I CO.1:4-9  -  CL. 1:3-5  -  EF. 1:3-14. Então , quando se pronuncia uma berakot “Sê bendito, SENHOR,  pelos frutos da terra “reconhece-se a DEUS como origem e proprietário das coisas, o mundo como dom que deve ser aceito, e compartilhado, os homens como irmãos com os quais se participa do único banquete da vida.
                Exemplos outros:
DO VINHO: “Sê bendito, SENHOR, nosso DEUS, REI do universo que criaste o fruto da videira “
DO GRÃO: “Sê bendito, SENHOR, que criaste os alimentos da terra”
DAS CHUVAS, e das BOAS NOTÍCIAS: “Bendito aquele que é bom e benéfico”
                Portanto, não existe algo que não seja ocasião de uma berakot, mesmo em situações como injustiça ou doenças, em vez de ficar em estado de desespero, ou abatimento, deve-se ter o motivo de berakot ( bendizer) . Um exemplo é o de PAULO e SILAS na prisão, cantavam e louvavam a DEUS, em meio a correntes, e açoites etc.
                A berakah é capaz de ver toda a realidade sob uma nova luz, ela é a maior das atividades, porque têm o poder de fazer novas todas as coisas AP. 21:5 – ELE é a fonte de todo o poder, o DEUS TODO PODEROSO.
                Devemos bendizer a PALAVRA de DEUS “Sê bendito, SENHOR nosso DEUS, Rei do Universo, que nos deu a sua Palavra da verdade e que plantou em nosso meio a vida eterna, por meio de JESUS CRISTO. Bendiz-se a Palavra porque Ela do modo que os frutos da terra alimentam e alegram o coração do homem, antes, ela nutre e alegra mais do que os frutos da terra DT. 8:3 e MT. 4:4.
                Reconhecer que a palavra traz vida, salvação, sabor e sentido, razão para viver, ela revela o plano do SENHOR para a sua criação. Uma nota: para o judeu, toda a TORÁ é um motivo para a ocasião de berakah.  Ex- O PACTO, O TEMPLO, A PROMESSA MESSIÂNICA, a vinda esperado do Messias, conforme CT. 8:14.
                O judeu é chamado a bendizer o SENHOR diante das situações dolorosas, ou trágicas, não porque tem prazer nos sofrimentos, mas porque tem a esperança inabalável na vinda do MESSIAS, O LIBERTADOR DE ISRAEL.(  Neste particular, sugiro um estudo muito sincero, sem partidarismo , com o livro de ROMANOS , cap. 10 e 11.), e eles , somente por esta promessa , é que eles são capazes de fazer uma berakot, nas situações mais negativas possíveis.
                E nós Crentes? Nós também somos chamados a assim proceder, em todas as situações contrárias porque, temos promessas eternas, superiores a este mundo, temos a esperança de que seremos arrebatados e livres da ira de DEUS, e uma das certezas maiores de que  JESUS nunca nos deixará , e estará conosco por todos os dias de nossa peregrinação nesta terra , através do ESPÍRITO SANTO.  Mas nos aprofundemos mais na berakah.
A BARAKAH E O MILAGRE. Vimos que a oração motivada pelos bens da terra, e pelo dom das escrituras, expressa o sentido de admiração e de maravilha – Salmos 96 e 104.
O PÃO E O SOL: são sinais da bondade Divina do seu amor, o criador nos favorecendo em nos sustentar e nos iluminar, aquecer, bronzear! Aparentemente são comuns, quotidianos no primeiro nível. No segundo nível, elas se revestem de novos significados, tornam-se extraordinárias, e, onde a berakah está presente, cria-se o milagre. Ex- O MANÁ – MOISÉS respondeu: “é o pão que o SENHOR nos deu para alimento”, isto para quem é capaz de berakot, bendizer, tudo é milagre, e por isso ,motivo de louvor e agradecimentos. Uma nota: existe uma concepção comum da palavra milagre: como tudo aquilo que contradiz as leis naturais se configura como extraordinário ( fora do comum) , então: o nascente do sol não é milagre , porque acontece todos os dias , é tido por normal , ou uma flor que exala seu perfume , ou um rio que segue seu curso diariamente .
                Mas na berakah tudo é milagre, não apenas uma cura instantânea, a qual parece suspender a ordem natural, mas toda a realidade é um milagre, ao pôr do sol e ao seu nascer.
BERAKAH E O TEMOR- comumente na tradição cristã, bendiz-se às coisas em vez de bendizer a DEUS pelas suas coisas. Devemos como temor a DEUS, reconhecer como o de serem sinais sensíveis de sua atenção e solicitude, pois tudo é por ELE, para ELE, e dele são todas as coisas, tudo ELE criou para o nosso deleite.
                O temor é a percepção do fato de que tudo, em todo lugar, faz referência a aquele que está além das coisas. O temor do SENHOR é o princípio da sabedoria. Reconhecemos nossa mente finita, nossa pequenez diante de um DEUS GRANDE. Bendizer, nasce do temor a DEUS, do respeito, e do reconhecimento que em tudo dependemos dEle , e que ELE é SANTO, DIGNO, JUSTO, PURO e RETO.
BERAKAH E O DOM- bendizer a DEUS pelo pão é reconhecer sua paternidade, em vez de atribuí-lo ao esforço e inteligência do homem, diga-se: “o pão não é do homem, mas de DEUS”. Ao fazermos a berakah, negamos ao homem o direito de propriedade das coisas, e o atribuímos a DEUS, isto é: renunciamos a uma relação possessiva produtiva fora do próprio EU. A berakah faz uma ruptura, tira do homem o poder sobre as coisas, e as confia nas mãos de DEUS, está é a sua primeira conseqüência: a passagem do próprio centro, para DEUS.
                DEUS é o proprietário, o verdadeiro dono das coisas, o homem é apenas um beneficiário, está é a sua relação com as coisas criadas por DEUS.  A berakah nos leva agora a um segundo nível.
A PASSAGEM DA POSSE À ACEITAÇÃO- o mundo não é do homem, mas ele pode servir-se dele. As coisas não lhe pertencem, porém ele pode habitá-la, mas: dispor-se a acolhida, renunciar a autonomia, ou o espírito de posse exige disponibilidade ao dono, isto é: a capacitação de aceitação das coisas de acordo com uma lógica de gratuidade.  Vamos a outro nível:
                A PASSAGEM DO OBJETO AO DOM.

A benção restitui à criatura a sua situação de Dom. Segue-se o seguinte exemplo da MIDRASH: Um diálogo de Abraão ao hospedar peregrinos ou andarilhos: Abraão os hospedava e depois que comiam e bebiam dizia-lhes: “BENDIZEI”, eles perguntavam, como?  Ele lhes respondia: dizei “Bendito seja o DEUS ETERNO porque comemos do que é seu”. Se eles aceitavam e bendiziam, comiam, bebiam e iam embora, mas se não quisessem bendizer, dizia-lhes ABRAÃO: PAGAS O QUE DEVE. Eis o sentido. A midrash diz, onde há benção, há gratuidade , onde não há , prevalece a relação de mercado : “Pagas o que deve”. Uma nota: a ausência da benção rebaixa as coisas à sombria consistência de instrumentos e de mercadoria.
A PASSAGEM DA MANIPULAÇÃO À ESCUTA OBEDIENTE.
As coisas são Dom de DEUS. Deve ser usada respeitando dócilmente a vontade do doador, reconhecendo seu amor, e agindo de acordo com sua finalidade. Isto significa que,  devem ser usadas não de acordo com projetos egoístas, individuais, mas segundo o próprio projeto de DEUS, que é o de comunhão, o de partir, o repartir com o maior número de irmãos possível.
A BERAKAH E A PARTILHA.
No livro de êxodo 16:14, quando os israelitas viram uma coisa miúda, granulosa ,fina como a geada da terra , disseram entre si: “que é isso “, MOISÉS, lhes respondeu : “é o pão que JAVÉ vos dará como alimento”, mas acrescentou Moisés , o que DEUS ordenara que cada um colhesse, o quanto bastasse para comer por uma pessoa, uma medida necessária para aquele dia , uma medida, nem mais, nem menos.  Em ÊXODO  16:19, Moisés disse-lhes: ‘ninguém guarde para amanhã seguinte “, com isto está nos querendo dizer que: não somente não se deve TER demais , mas também, não deve haver preocupação com o dia de amanhã, PORQUE? ,porque tanto o  DEMAIS, como o AMANHÃ, contradizem a LÓGICA DO DOM , e impedem a alegria de se apreciar o presente, O MILAGRE.
Uma nota: existe a preocupação por ter demais, medo de ser roubado ou de perder, e acabar, e com relação a preocupar-se com o amanhã, o de não deixar nas mãos de DEUS, que é provedor, dependência diária.  
BERAKAH E A ALEGRIA.
A oração da berakah ou da benção, além de expressar a percepção do real como dom que deve ser aceito e participado, traduz também sentimentos de alegria e bem estar. Tudo aquilo que existe, desde a folhinha de erva, até a galáxia, é a expressão da vontade criadora, e organizadora de DEUS, que transforma o caos em cosmos Gn. 1:10. Há uma alegria dupla na berakah, a alegria de saber da benevolência de DEUS, e a percepção do mundo como uma parábola de unidade e harmonia.
A BERAKAH E A PETIÇÃO. O judeu piedoso ao orar, não louva a DEUS somente pelas suas maravilhas e por seus dons, mas também lhes suplica por suas necessidades e por suas infidelidades ( ele reconhece que não pode ser fiel todo o tempo). Louvar é invocar, admirar e pedir, agradecer e suplicar, são estes dois últimos especialmente os dois pólos da prece hebraica, tanto individual como comunitária. Um exemplo, são os livros de salmos, são hinos de louvor, preces de invocação, alguns juntos, louvor e também invocações. Uma nota: a oração de louvor antecede a de petição. A oração de benção é a forma mais perfeita, e completa da prece, ela define DEUS e o HOMEM, DEUS, como aquele que cria e dá o bem, e o homem como aquele que recebe e agradece por ele.
                A prece da petição da forças ao pobre e ao fraco na sua caminhada neste mundo, no seu calvário. Conserva-lhes a fé em DEUS, e não deixa sucumbir em face das decepções, dá-lhe certeza do triunfo final, da bondade divina, e não o deixa desesperar diante das derrotas, visto que: o homem na sua experiência quotidiana e histórica, não faz somente a experiência do bem, mas é acossado por seu oposto: Trevas, Injustiças, opressão, pecado. Aqui nasce a prece da invocação. A prece da petição faz parte ainda de um tempo em que a nossa natureza ainda não remida, sofre devido às nossas imperfeições da alma e do corpo físico. A oração de petição começa com um louvor a DEUS, e termina também com um louvor a DEUS.
Uma nota: sugiro ao irmão leitor que de uma lida no estudo: Louvores que saem do coração, complementando assim este estudo.
                Meus sinceros votos de MAZAL TOV,sucesso e MUITAS ALEGRIAS NO ESPÍRITO SANTO

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